“El Cholo” peruano fugiu de concentração para disputar final de copa américa e chegou a ser o camisa 10 do Barcelona de Cruyff.
Nascido na cidade de Ica em 1949, e registrado como Hugo Sotil Yéren, o “Cholo” peruano mostrava habilidade para o futebol desde a infância, apesar das broncas de sua mãe que o proibia de jogar bola para não estragar o único par de tênis que possuía.
Iniciou sua carreira profissional em 68 pelo Deportivo Municipal, na segunda divisão peruana, apesar se ter jogado nos juvenis do Alianza Lima junto com seu futuro companheiro de seleção Teófilo Cubillas.
Sempre teve como principais características sua velocidade e seus dribles, além de ser especialista em colocar seus companheiros na cara do gol.
Ainda na segunda divisão, suas atuações incríveis fizeram os torcedores do Municipal pedirem sua presença na seleção . O treinador da seleção peruana na época, o brasileiro bicampeão mundial Didi, preferiu esperar um pouco mais. Mas apenas um pouco.
Em 1969 quando já disputava a primeira divisão com o Municipal, Didi não resistiu a pressão popular e o convocou, iniciando assim uma parceria de sucesso entre Cholo e a camisa alvirrubra peruana. No ano seguinte houve aquela que talvez tenha sido sua exibição de gala com a seleção. Vindo do banco em um amistoso contra a seleção búlgara no qual sua equipe perdia por 2×0, mudou completamente o jogo e com três gols, foi peça fundamental na vitória de virada por 5×3. Acabou por disputar a copa do mundo daquele ano.
Após anos de sucesso no continente sul-americano e em sua seleção, que vivia o auge na época, Sotil conquistou o exigente treinador Rinus Michels – que chegou a ir à casa de Cholo para convencê-lo à rumar para a Europa – e foi contratado para jogar com a 10 do Barcelona e ser colega de Cruyff e companhia em 1973. Assim que chegou já fez história. Na temporada 1973/1974 ajudou o Barcelona a sair da fila de 14 anos sem um título espanhol, com direito a goleada de 5×0 no arquirival Real Madrid em pleno Santiago Bernabéu, marcando o quinto gol blaugrana.
Mas nem tudo foram flores na Espanha. Com o passar do tempo, foi perdendo espaço na equipe, principalmente após a chegada de Neeskens. A fama de amante da vida noturna prejudicou sua imagem com Michels. Figura também de personalidade forte, Sotil chegou a fugir da concentração do Barcelona para disputar a final da Copa América de 1975 após a não liberação do treinador holandês. Sem dúvida esse episódio ajudou a sacramentar o fim de seu ciclo espanhol, mas o ídolo peruano não se arrepende, pois acabou por marcar o gol da final contra a Colômbia que garantiu o título de seu país.
Após sua saída do Barcelona, voltou ao país natal, dessa vez para jogar no gigante local, Alianza Lima reeditando assim sua dupla d’oro com Cubillas. Mesmo sem conseguir repetir seu futebol de antes, jogou o suficiente para ser bicampeão peruano em 77 e 78. Em 79, após o desmanche do Alianza, sua carreira chegou ao estágio final, e Cholo tentou a sorte na Colômbia por um ano para depois voltar ao seu primeiro clube, Deportivo Municipal, onde ficou por 3 anos. Tentou dar uma sobrevida a sua carreira em pequenos clubes peruanos, mas veio a se aposentar em 1985. Hoje, aos 68 anos, é constantemente abordado por jornalistas de seu país para relembrar, sempre emocionado, histórias de sua vitoriosa carreira.
No total fez 62 partidas e marcou 18 gols pela seleção do Peru, além de ter disputado duas copas do mundo, em 1970 e 1978.